Vídeos 360°: uma experiência imersiva

Na obra “O sujeito na tela: modos de enunciação no cinema e no ciberespaço” (2007), Arlindo Machado questiona a subjetividade do sujeito com o advento das novas mídias digitais. No capítulo “Atravessando a tela: a imersão”, Machado discute como se da o processo de subjetivação através da imersão. Segundo o autor, proporcionar uma experiência imersiva para o espectador seria o objetivo maior de quem está do lado de cá da tela: “passar para o lado de lá, escapar para dentro do universo de pura ficção do cinema, esse talvez tenha sido o sonho maior de toda a aventura cinematográfica, o sonho de um cinema permeável ao espectador, um cinema capaz de transformar o espectador em protagonista e mergulhá-lo inteiramente dentro da história” (p.164).

Uma das possibilidades propostas pelo autor, dentro das novas mídias, para solucionar a questão da imersão seria através da realidade virtual. Utilizando luvas, capacetes e roupas específicas o espectador se sentiria dentro da história e alguns alguns poderia até mesmo interagir com ela. Uma das características da realidade virtual esta relacionada ao ponto de vista: “[…] não é estático, ou predeterminado […] ele inclui todas as perspectivas possíveis e, portanto, pode destacar a imagem exata que se pode visualizar dentro de um determinado angulo e de uma determinada distância” (p. 172).

Em março de 2015 o Youtube anunciou o suporte de uploads de vídeos em 360 graus, a fim de proporcionar uma nova forma de conectar seus usuários. Os vídeos 360º são criados com câmeras especificas que gravam simultaneamente 360 graus de uma cena, permitindo ao usuário girar em um ponto de vista do vídeo para assisti-lo em diferentes ângulos. A experiência fica ainda mais imersiva quando assistimos no smartphone. Utilizando o giroscópio e o acelerômetro contidos nestes dispositivos é possível explorar os vários ângulos de um vídeo como se você estivesse na cena.

Esta nova tecnologia permite que o usuário interaja com a cena, à medida em que ele determina qual será o seu ponto de vista. O grande questionamento de Machado é sobre as possibilidades de dramaturgia que poderão ser construídas nestes ambientes. Talvez estejamos no exato momento em que essas novas dramaturgias e narrativas começam a ser construídas e dado o crescimento das plataformas e usuários que começam a utilizar este tipo de tecnologia (o Facebook também começou a permitir desde setembro o envio de vídeos em 360) podemos concluir que estamos próximos de vislumbrar um cinema total.

Abaixo alguns exemplos destes vídeos. Se você nunca assistiu um vídeo em 360 graus fica uma dica: assista pelo smartphone e prepare-se para girar como um maluco no meio da sala! O Youtube criou um canal dedicado a este tipo de vídeos, então se você gostou da experiência aproveite para se inscrever clicando AQUI.

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